PT terá que se repaginar. PSDB, que se reinventar

Fernando Haddad em campanha: derrotado, deverá ter o papel de reconstruir um partido que perdeu fôlego e aceitação popular

 

Crescem a vozes dentro do PT cobrando do partido algo que a sigla se negou a fazer nos últimos dez anos: uma autocrítica sobre as ações dos governos petistas que desaguaram agora  na terceira pior votação de um primeiro turno, entre as oito campanhas presidenciais. O partido conseguiu um nível de rejeição inacreditável, e se viu derrotado por um candidato que era visto como presa fácil para qualquer concorrente, em um segundo turno.

Há uma tendência dentro do PT de apontar para o lado, para os parceiros de viagens de poder. Ontem, o deputado Fábio Novo admitia quer a aliança com velhas raposas fisiologistas ajudaram a construir o cenário que levou à corrupção. Mas é preciso também olhar para dentro, sobretudo para um PT que adotou o pragmatismo como receita de sucesso, às vezes esquecendo de pontos programáticos inegociáveis.

Cabeembrar, por exemplo, que boa parte dos nomes envolvidos em corrução tinham ficha de filiação no partido – e a sigla teve muita dificuldade em simplesmente afastar dos seus quadros esses nomes envolvidos até a medula com maus feitos. A autocrítica passa por aí, como caminho para a renovação. E essa renovação provavelmente terá no próprio Fernando Haddad o principal nome.

Mas se o PT vai precisar de uma profunda repaginação, o “outro” grande partido de seis campanhas presidenciais, o PSDB, vai precisar de muito mais. Vai precisar ser refundado. Vai carecer de uma reinvenção. O partido perdeu discurso, perdeu votos, viu a derrota de suas principais estrelas e corre o risco de ver agora uma debandada. No Piauí, não será nenhuma surpresa ver o único deputado da sigla mudar de lugar.

A refundação pode ter começado no domingo, com a eleição de João Dória para o governo de São Paulo. Doria passa a ser o líder natural da sigla. Isso quer dizer que será efetivamente um outro partido, com um discurso claramente de direita e marcado pela marquetagem. Basta lembrar a forma de ataque do tucano ao seu adversário Márcio França, do PSB. Para Doria, França é simplesmente um comunista – coisa que está longe de ser – e deveria se chamar de Márcio “Cuba”.

O novo PSDB promete ser refundado com um jeitão que muito pouco lembrar figuras históricas como Mário Covas e Franco Montoro. Tem mais jeitão de Bolsonaro.

 

 

cidadeverde.com

Comentários no Facebook

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here