MP vai investigar porta-voz da PM por empresa que usa nome do Bope em eventos

A promotora Allana Poubel, da Auditoria Militar, vai investigar a empresa SK EX Gestão e Aceleração de Equipes, que usa a imagem do Batalhão de Operações Especiais (Bope) para vender treinamentos a civis com atividades como resgate de feridos, interrogatório, uso de granada, arremesso de faca e até arco e flecha. A investigação foi aberta após o EXTRA revelar que o major Ivan Souza Blaz Junior, porta-voz da PM, se diz criador da empresa em seu perfil numa rede social para assuntos profissionais, junto com o também major Luciano Pedro Barbosa da Silva. Segundo o Código Penal Militar, militares podem ser acionistas de uma empresa, desde que não sejam administradores da mesma. O oficial que descumpre a norma comete crime previsto no artigo 204 do Código Penal Militar.

— Ele pode não ser sócio-administrador no papel, mas pode ser de fato. O que vamos apurar é se é ele quem recebe pagamentos, fecha parcerias e negocia em nome da empresa. Isso é proibido — afirmou Poubel.

No perfil que está sendo investigado pelo MP, Blaz escreve: “Buscando novos métodos motivacionais para seus grupos corporativos, empresas buscaram nos agentes do BOPE fonte para novas ações. Assim nasceu a SK EX Gestão e Aceleração de Equipes, empresa que criei com meu irmão de Operações Especiais, Luciano Pedro”.

Os majores Ivan Souza Blaz Junior e Luciano Pedro Barbosa da Silva
Os majores Ivan Souza Blaz Junior e Luciano Pedro Barbosa da Silva Foto: Reprodução

Em outra rede social, os majores relembram quando criaram a empresa, há quatro anos. “Essa foto de quatro anos atrás mostra nosso marco inicial. O que era uma ideia de mesa de bar, virou realidade. Hj, vamos além das palestras motivacionais usuais… Aceleramos equipes em nossos treinamentos, tendo oportunidade de trabalhar com executivos, atletas de diferentes esportes, vendedores, linhas de produção, ufa! Onde houver uma equipe, estaremos prontos para combater a zona de conforto!”, escrevem os majores. Na foto citada, aparecem os dois majores.

Com o nome SK EX Gestão e Aceleração de Equipes, que o major Blaz cita em seu perfil de uma rede social, não é possível encontrar CNPJ ou composição societária da empresa.

No site da Skull Experience, no campo “Onde nos encontrar” é informado um endereço na Barra da Tijuca. Já o major Luciano Pedro Barbosa da Silva aparece como responsável por registrar o domínio da página na internet em site onde é possível ver tal dado. O e-mail de Blaz, no entanto, é o que aparece como principal contato no registro.

O comandante-geral da PM, coronel Wolney Dias, também afirmou que vai solicitar à Corregedoria da corporação que faça uma apuração sobre o uso do nome Bope pelos oficiais.

— Todas as vezes que esse tipo de notícia chega a um comando, o caso é apurado para verificar se o policiai infringiu as normas penais e estatutárias. A legislação penal militar e estatutária prevê situações em que o policial militar pode exercer qualquer atividade extra. Pode ser sócio de empresa, desde que não seja sócio-gerente nem exerça a atividade — afirma Wolney.

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