MDB mantém a tradição de se dividir nas campanhas

Marcelo Castro: mantendo o discurso de crença na unidade do MDB nas eleições deste ano no Piauí

 

Em duas entrevistas à TV Cidade, o deputado Marcelo Castro, candidato do MDB ao Senado, demonstrou uma enorme confiança na unidade do partido. Acredita que a sigla vai “fechada” para as eleições, votando em peso não apenas no candidato ao Senado como também no petista Wellington Dias, que busca o quarto mandato. Também acredita que Themístocles Filho exercitará sua “tradição” de seguir o partido.

É natural que Marcelo assim se manifeste, porque não ficaria bem admitir que a chapa governista – e ele em particular – possa ficar sem parte dos votos do partido que preside. Mas a declaração, que se alimenta na esperança da palavra virar ação, não corresponde à tal “tradição do partido”. Mais de uma vez o MDB (desde quando era PMDB) se dividiu, uma boa fatia dos partidários virando as costas para a decisão em convenção.

O caso mais notório está na eleição de 2006, quando a convenção decidiu aprovar a candidatura de Mão Santa ao governo do Estado, mas uma boa parte do partido – Marcelo e Themístocles inclusos – apoiou Wellington Dias. Há um outro caso especial, em que a união da sigla se deu precisamente contra o candidato do então PMDB. Foi em 2002: Jônathas Nunes era o nome escolhido pela convenção, mas os peemedebistas cristianizaram o candidato e votaram em Wellington.

Em 2010 não houve defecções relevantes no apoio que o partido deu à candidatura de Wilson Martins. Mas em 2014 muitos candidatos a deputado se fizeram de mortos, esqueceram Zé Filho, o candidato do partido, e outra vez votaram em Wellington. Agora em 2018 a divisão se repete e há possibilidade de uma boa parte dos emedebistas esquecer não apenas o nome de Wellington, mas o do próprio Marcelo.

Governo em qualquer governo

Desde a redemocratização, o PMDB/MDB vem se notabilizando por integrar os governos. O mito que perdura é o de que o partido se divide na campanha e se une no governo. Não é bem assim. Mas é certo que a sigla sempre povoa os governos, independente de quem seja. Nacionalmente, faz parte da tropa que garante governabilidade desde o governo Sarney. Mesmo no período Collor havia peemedebistas participando do governo, ainda que em pequena escala.

Em 1994, a maioria esqueceu que o partido tinha um candidato (Orestes Quércia), votou maciçamente em Fernando Henrique e ocupou postos de destaque desde o início da gestão FHC. Em 2002 colocou Rita Camata como vice de José Serra, mas teve muitos dos seus caciques – Sarney à frente – votando em Lula. O MDB já começou a fase petista ocupando cargos.

Seguiu no segundo governo do petista e nos dois de Dilma Rousseff. No caso de Dilma, só abandonou o governo para apoiar Michel Temer e seguir,,, governo!

Fenelon Rocha/cidadeverde.com

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