Ex-deputado federal Antônio Delfim Netto é alvo de busca e apreensão na 49ª fase

O ex-deputado federal Antônio Delfim Netto é um dos alvos de busca e apreensão da 49ª fase da Lava Jato, deflagrada na manhã desta sexta-feira (9). A TV Globo apurou que há cumprimento de ordens judiciais na casa dele e na de um assessor.

Ao todo, nove mandados de busca e apreensão são cumpridos em Curitiba; em Guarujá, em Jundiaí e em São Paulo. A nova fase, batizada de Buona Fortuna, aprofunda as investigações sobre o pagamento de propina nas obras da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no Pará.

De acordo com o Ministério Público Federal (MPF), Delfim Netto é suspeito de receber parcela das vantagens indevidas direcionadas aos partidos PMDB e PT, em razão de sua atuação na estruturação do Consórcio Norte Energia.

Até o momento, já foram rastreados pagamentos em valores superiores a R$ 4 milhões de um total estimado em R$ 15 milhões, pelas empresas Camargo Corrêa, Andrade Gutierrez, Odebrecht, OAS e J. Malucelli, todas integrantes do Consórcio Construtor de Belo Monte, em favor de pessoas jurídicas relacionadas a Antônio Delfim Netto, por meio de contratos fictícios de consultoria.

Conforme os procuradores, provas indicam que ele recebeu 10% do percentual pago pelas construtoras a título de vantagens indevidas, enquanto o restante da propina foi dividido entre o PMDB e o PT, no patamar de 45% para cada partido.

O nome do ex-ministro apareceu nas investigações da Lava Jato na delação premiada do ex-executivo da Andrade Gutierrez Flávio Barra. O delator disse à Procuradoria-Geral da República (PGR) que pagou R$ 15 milhões de propina a Netto, em 2010.

Ouvido pela PF em 2016, o Delfim Netto afirmou que que recebeu R$ 240 mil da Odebrecht por uma consultoria. Seu advogado, Maurício Leite, afirmou na ocasião que a defesa nunca teve acesso a essas informações e que refuta veementemente qualquer questionamento da vida profissional do economista.

Segundo o advogado, Delfim Netto sempre prestou consultoria na área econômica e sempre recolheu todos os impostos de acordo com a lei.

49ª fase

Segundo o Ministério Público Federal (MPF), há fortes indícios de que o consórcio Norte Energia foi indevidamente favorecido por agentes do governo federal para vencer o leilão destinado à concessão da Usina Hidrelétrica de Belo Monte.

Posteriormente, ainda de acordo com o MPF, mediante acordos de corrupção, a Norte Energia direcionou o contrato de construção da usina a outro consórcio, formado por empresas que deveriam efetuar pagamentos de propina em favor de partidos políticos e seus representantes, no percentual de 1% do valor do contrato e seus aditivos.

As investigações envolvendo o esquema de corrupção originaram-se de leniências firmadas pelo Ministério Público Federal com as empresas Andrade Gutierrez e Camargo Corrêa, assim como acordos de colaboração premiada celebrados com seus executivos e homologados pelo Supremo Tribunal Federal em razão do envolvimento de pessoas com prerrogativa de foro.

Assim, parte das investigações permanece em curso na Procuradoria-Geral da República (PGR), em Brasília, e a apuração dos fatos ilícitos relativos a pessoas sem prerrogativa de foro foi remetida à 13ª Vara Federal de Curitiba.

Conforme o MPF, durante a investigação, foram realizadas diligências, como afastamento de sigilos bancário, fiscal, telemático e de registros telefônicos, que revelaram a existência de estreitos vínculos entre os investigados e corroboraram com os ilícitos narrados pelos colaboradores.

Também compõem o material probatório as colaborações premiadas de executivos da Odebrecht, igualmente remetidas pelo Supremo Tribunal Federal, acompanhadas de diversos documentos que reforçam os indícios de prática dos fatos criminosos.

Delfim Netto foi visitar o vice-presidente Michel Temer em São Paulo (Foto: GloboNews/Reprodução).

G1 Paraná

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