Centro leva dignidade e inclusão de pessoas com deficiência

Há pouco mais de três anos, o Centro Dia de Referência para Pessoas com Deficiência vem proporcionando dignidade à vida de jovens e adultos com algum tipo de deficiência física ou cognitiva e que necessitam do apoio de terceiros para realizar atividades básicas da vida diária ou sofrem algum tipo de violação de direitos como abandono, negligência, violência física ou psicológica e isolamento social.

Mantido pela Prefeitura de Teresina e administrado pela Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais de Teresina (Apae), o espaço atende, hoje, 32 pessoas com idade entre 18 e 59 anos, que chegam a passar até dez horas por dia, participando de diversas atividades, de acordo com o plano individual de atendimento de cada usuário, como oficinas cognitivas, socioeducativas, terapia ocupacional, atividades físicas e orientações aos cuidados familiares. Além disso, os usuários recebem todas as refeições e contam com dormitórios para momentos de repouso.

A coordenadora do serviço, Luzinara Soares, explica que o objetivo do Centro Dia é incentivar a autonomia dos usuários, a inclusão social e a melhoria da qualidade de vida, dando apoio e acolhimento a essas pessoas. O espaço busca proporcionar a socialização e integração entre os usuários, além do fortalecimento dos vínculos familiares.

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“O que queremos é que essas pessoas tenham autonomia para realizar atividades básicas do seu dia a dia, como comer, tomar banho e vestir-se. Além disso, queremos resgatar a autoestima dos usuários e interação com a família e sociedade”, disse.

O centro atende pessoas que chegam por demanda espontânea, ou seja, encaminhados pela própria família; por busca ativa, quando o próprio serviço vai a campo à procura de pessoas que encaixam no perfil; ou por encaminhamentos dos serviços socioassistenciais, como Cras, Creas e outras políticas públicas.

Para o ingresso, primeiramente, é realizada uma escuta da família do deficiente e do próprio deficiente, dependendo do caso, por profissionais da psicologia e serviço social. Em seguida, é feita uma avaliação por terapeutas ocupacionais e educador físico, uma visita na residência do candidato e, ao final, a realização de uma reunião com toda a equipe do centro, para elaboração de Plano de Atendimento Individual e Familiar, documento que irá nortear todo o tratamento.

Equipe de profissionais aprende com usuários

Para a realização das atividades, o centro conta com uma equipe multiprofissional composta por psicólogos, terapeuta ocupacional, educador físico, assistentes sociais, além de orientadores e cuidadores sociais que acompanham, de perto, cada caso e afirmam aprender muito e evoluir juntamente com cada usuário.

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“A primeira coisa que temos que ter é amor. Depois disso, muito comprometimento e dedicação. O restante nós vamos aprendendo, porque cada usuário tem sua limitação e com o tempo vamos conhecendo cada um. Aqui, aprendemos muito com eles sobre superação. Quando nós os vemos evoluir, evoluímos também”, disse a cuidadora Bruna Danielly de Sousa.

Outro que diz aprender muito com cada usuário é o educador físico Jonilson Chaves. Ele realiza atividades dentro e fora da escola, como alongamentos, exercícios de estímulo e caminhadas pelas ruas e avenidas próximas. A ideia é que cada pessoa atendida, dentro de sua especificidade, tenha contato com o mundo que o cerca.

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“Muda tudo na vida deles. Pensamos que as superações serão gradativas e menores e nos surpreendemos com a força de vontade deles. As superações são maiores do que pensamos”, relatou. (J.C.)

Espaço promove superação de limites

“Recebemos respostas muito positivas das famílias relatando a melhora na qualidade de vida dos usuários. Muitos chegam aqui e nem conseguem falar, comer ou realizar outras atividades básicas e, aqui, essas habilidades são desenvolvidas”. É o que afirma a coordenadora do Centro Dia de Referência para Pessoas com Deficiência, Luzinara Soares.

Basta conversar com alguma das pessoas atendidas para perceber a mudança na vida delas, desde que iniciaram o tratamento no Centro Dia. É o caso de José Maria Santos, de 35 anos. Ele frequenta o espaço três vezes por semana, há três anos. José ficou com dificuldades de locomoção e raciocínio após um acidente automobilístico, no qual perdeu massa encefálica. Após o período no centro, José já consegue dar alguns passos com a ajuda de um andador e disse gostar de exercitar a mente nas atividades psicotécnicas.

“Hoje eu já consigo andar bem melhor, só preciso de mais algumas sessões de fisioterapia. Aqui, me ajudam muito nos atendimentos sociais, como tirar carteira e consultas. O que mais gosto de fazer aqui são as atividades psicotécnicas de palavras cruzadas e raciocínio. Isso ajuda a preparar melhor a minha mente”, contou.

Outra história de superação é a do senhor Geraldo João da Silva, de 53 anos, que, após um AVC perdeu os movimentos das pernas e tem dificuldades de raciocínio. Ele contou que vivia preso em casa, sem ânimo para mais nada. Após ingressar no centro, que hoje considera a sua casa, Geraldo vive de bem com a vida e afirmou gostar de realizar todas as atividades.

“Eu gosto de tudo aqui, de todas as atividades. Gosto de vir para cá para ocupar o tempo e a mente”, disse.

Recuperação de autoestima e superação de limites

Para a terapeuta ocupacional Rafaella Diniz, o que faz os usuários retomarem sua autoestima e motivação é saber que podem realizar atividades comuns de suas vidas sozinhos. Além disso, encontrar pessoas que também estão superando limites os torna mais fortes durante o tratamento.

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“Muitos chegam tristes, com a autoestima baixa, e quando começam a vir e interagir com os outros usuários, tornam-se pessoas mais alegres e chegam a dizer que se sentem em casa. Eles têm uma realidade dura em casa e pela limitação, geralmente, os familiares querem fazer tudo por eles. Aqui, nós mostramos que eles são capazes de fazer atividades comuns do dia a dia, e somente auxiliamos no processo”, falou. (J.C.)

Assistência consegue regredir autismo em jovem

Michael Nunes, 34 anos, é um outro grande exemplo de superação. Com autismo severo, o homem tinha dificuldades extremas de coordenação, fala e relacionamentos. Após pouco mais de dois anos de tratamento, Michael anima o espaço, é amigo de todos os usuários e funcionários.

“Ele é um caso que nem a ciência explica. Chegou aqui com autismo severo e hoje já é possível considerar o seu caso como autismo moderado, o que não se ouve muito falar, já que a evolução sempre ocorre do moderado para o severo. A família dele diz que o centro mudou a vida dele”, relatou o educador físico Jonilson Chaves.

O Centro Dia de Referência para Pessoas com Deficiência funciona na Rua Santa Catarina, de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h, sem intervalo para almoço.

A instituição participa do Prêmio Inclusão Social 2017, na categoria Governamental. O prêmio é uma iniciativa do Sistema Meio Norte de Comunicação destinada a pessoas e instituições que, independente de julgamento da comissão, têm, reconhecidamente, papel relevante e permanente na tarefa de realizar inclusão social e permitir a promoção humana dos piauienses.  (J.C.).

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meionore.com

 

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