Ex-presidente da aliança Nissan-Renault se refugiou em Beirute após fuga de Tóquio. Acusado de crimes financeiros, ele aguardava julgamento há mais de 1 ano no Japão.
Por G1
A Justiça libanesa proibiu nesta quinta-feira (9) Carlos Ghosn de deixar o país após o ex-presidente da Nissan-Renault ser interrogado pelas autoridades locais. A informação foi confirmada por uma fonte judicial do Líbano, disseram as agências Reuters e France Presse.
Ghosn se refugiou em Beirute depois de uma fuga cinematográfica de Tóquio, onde estava em prisão domiciliar e aguardava julgamento há mais de 1 ano.
Detentor de nacionalidades francesa, libanesa e brasileira, ele é alvo de quatro acusações no Japão: duas por crimes financeiros e duas por abuso de confiança agravado. O Líbano recebeu ordem de prisão da Interpol, mas o país não possui acordo de extradição com o Japão.
Uma segunda fonte judicial disse à France Presse que Ghosn “permanecerá proibido de viajar até o recebimento de seu processo judicial do Japão”.
Ghosn criticou autoridades japonesas
Na quarta, Ghosn falou pela primeira vez depois de escapar do Japão, mas se negou a revelar detalhes da fuga. Ele se defendeu das acusações e disse que esperava mais ajuda do governo brasileiro.
Em entrevista exclusiva ao jornalista Roberto D’Avila, da GloboNews, o brasileiro fez críticas à Justiça japonesa. “Eles souberam que eu saí tranquilamente da casa porque eles podiam saber exatamente onde eu fui”, disse o ex-presidente da Nissan-Renault.
O governo japonês, por meio de nota assinada pela Ministra da Justiça, Mori Masako, se pronunciou, classificando as declarações de Ghosn como “intoleráveis”.
Carlos Ghosn fala sobre fuga e acusação de fraude fiscal
Questão com Israel
Ghosn também foi ouvido a respeito de um relatório apresentado à Justiça libanesa por advogados libaneses, relacionado a uma visita a Israel.
Países vizinhos, Líbano e Israel estão tecnicamente em guerra, e Beirute proíbe seus nacionais de irem a Israel, ou de terem contatos no Estado hebreu.
Detalhes sobre a fuga de Carlos Ghosn do Japão — Foto: Aparecido Gonçalves/Rafael Miotto/G1