Proposta pronta: Jair Bolsonaro entrega o projeto de reforma da Previdência ao preidente da Câmara, Rodrigo Maia
O presidente Jair Bolsonaro apresentou ontem, no 51º dia de governo, a proposta que deve ser a mais crucial de todo o seu mandato: a reforma da Previdência. E fez com argumentos que afastam completamente a percepção sobre a atual proposta daquela apresentada pelo presidente Michel Temer no final de 2016. Os objetivos são basicamente os mesmos, mas Temer apresentou a sua com um discurso fiscal. Bolsonaro usou o viés social e de justiça para defender sua proposta que, em alguns aspectos, chega a ser mais impactante que a anterior.
Quando fala da idade para aposentadoria, lembra que os pobres (o assalariado comum, que está lá no INSS) já têm idade mínima – de 65 anos (homens) e 60 anos (mulheres). Já os ricos – essa foi a palavra usada, ricos – não têm uma idade mínima, o que permite a aposentadoria com pouca idade, e valores altíssimos. Ressaltou que a proposta traz um tratamento diferenciado aos militares e também aos trabalhadores rurais.
Tudo isso reforça o enfoque social que o governo anterior simplesmente deixou de lado, e pagou caro por isso.
É claro que a reforma impõe um ônus aos trabalhadores em geral, em relação ao sistema atual. Mas o governo tenta mostrar que há sacrifício de todos, sobretudo dos ricos, porque não seria possível uma reforma sem mudanças que alteram as regras para mais tempo de contribuição e ganhos menores, no caso dos grandes salários. Esse é o principal aspecto que remete à ideia de justiça, de olhar diferenciadamente para quem precisa de um olhar diferenciado.
As cartas estão lançadas. Agora é conferir as reações e os ajustes que o Congresso fará.
Protestos chegam antes da proposta
A proposta de reforma da Previdência foi bastante bem recebida, inclusive por segmentos que cobram mudanças, como a maioria dos governadores. Mas isso não quer dizer que a tramitação será fácil. Basta observar que os protestos contra o projeto começaram antes mesmo de se conhecer os detalhes da proposta.
Em plena Avenida Paulista, em São Paulo, sindicalistas já defraudavam suas bandeiras pela manhã. Afirmaram genericamente que o projeto prejudica os trabalhadores. Também na Câmara teve protesto: quando Bolsonaro chegou lá, foi recebido por membros do PSOL vestidos de laranja e com as mãos cheias do fruto. Nem falavam sobre a reforma, mas sobre o chamado “laranjal” do PSL.
Isso tudo para mostrar que a guerra começou. E não vai parar até que a votação da reforma esteja encerrada.
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