Bolivianos vão às ruas para protestar contra ‘fraude’ nas eleições presidenciais

Por G1

Manifestantes da oposição a Evo Morales colocaram fogo em seções eleitorais em Sucre na noite de segunda-feira (21) — Foto: Jose Luis Rodriguez / AFP

Milhares de pessoas foram para as ruas de diversas cidades da Bolívia na noite desta segunda-feira (22) para protestar enquanto uma apuração preliminar apontava que Evo Morales tinha vantagem suficiente para garantir a sua reeleição ainda no primeiro turno. Apoiadores de Carlos Mesa denunciam uma suposta fraude nas apurações. Houve relatos de violência em Sucre, Oruro e Cochabamba, entre outras cidades.

Uma contagem preliminar, que tinha sido interrompida na noite de domingo (21), foi retomada na segunda e chegou a apontar uma vantagem suficiente para garantir a vitória de Morales no primeiro turno, mas depois a vantagem diminuiu e até as 22h45 (horário de Brasília). O resultado ainda era incerto, mas os apoiadores de Carlos Mesa foram às ruas para protestar.

Na Bolívia, um candidato pode ser declarado vencedor no primeiro turno se tiver 50% dos votos mais um, ou se tiver 40%, com dez pontos de vantagem sobre o segundo colocado.

Às 22h45, com 95,63% dos votos apurados na contagem preliminar, Evo Morales tinha 46,4%, e Carlos Mesa aparecia com 37,07%.

Já no sistema de contagem voto a voto, mais lento, no mesmo horário haviam sido apurados 89,40% dos votos, com Mesa liderando, com 42,29%, enquanto Morales tem 42,04%.

Dois sistemas de contagem

O clima nas ruas se deteriorou depois que o sistema de Transmissão de Resultados Eleitorais Preliminares, batizado de Trep, teve o serviço suspenso no domingo no momento em que a contagem individual de votos começou a dar resultados muito distintos das atas de mesa da eleição.

O ministro das Comunicações, Manuel Canelas, afirmou que o órgão eleitoral errou ao não deixar claro que havia duas contagens simultâneas.

“Uma vez que percebeu que a contagem dos votos estava dando outro resultado, [o órgão eleitoral] resolveu interromper a das atas, para não causar confusão, e não explicou isso direito. Mas foi um erro, porque está dando espaço à oposição para dizer que houve uma fraude”, reconheceu.

A incerteza provocou temores entre observadores e diplomatas sobre possíveis manipulações dos votos para evitar um segundo turno e provocou inquietação sobre o que poderia ocorrer no país.

Protestos

Uma multidão enfurecida incendiou a fachada da sede do tribunal eleitoral da cidade de Sucre, 700 km a sudeste de La Paz, em meio aos gritos de “fraude!”, fazendo a polícia de choque recuar.

Após afugentar a polícia, os manifestantes ocuparam o acesso ao tribunal eleitoral, abandonado pelos funcionários, revelou o site do jornal “Correo del Sur”, de Sucre.

Em Oruro (sul), centenas de jovens tentaram ocupar a sede do tribunal eleitoral, mas foram dispersados com bombas de gás lacrimogêneo pela polícia de choque, segundo o portal Doble Impacto.

Em Cochabamba (centro), manifestantes romperam o perímetro de isolamento do local da apuração, mas foram finalmente contidos pela polícia, revelou o jornal Opinión.

Coletivos de Potosí (sudoeste) também se mobilizaram contra a suposta fraude na apuração.

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