O atacante Jô fez o gol da vitória do Corinthians sobre o Vasco, no domingo, com o braço direito. Depois da partida, o centroavante afirmou que não sabia dizer onde a bola tinha batido em seu corpo. Na opinião do comentarista Caio Ribeiro, o jogador do Timão deve estar se sentindo constrangido após a polêmica. Além disso, ele acredita que o camisa 9 perdeu a chance de servir de exemplo para os mais jovens.
– Tenho certeza, depois que ele viu as imagens e viu os debates, de que ele está arrependido. Mais do que arrependido, acho que ele está constrangido por não ter falado na hora. Até pela reação do entorno. O Martín Silva, na hora, corre em direção ao árbitro. O Ramón na hora levanta a mão e fala com o Jô, e o Jô fica gesticulando: “Me joguei”. Não quero execrar ninguém, não tenho esse direito. Não faço juízo de caráter, de valor, em cima de ninguém. Mas o Jô perdeu uma grande oportunidade de servir de exemplo – disse Caio Ribeiro, no “Bem, Amigos!”.
O ex-atacante afirmou que é amigo de Jô e elogiou a temporada que o centroavante está fazendo em 2017. Na opinião de Caio Ribeiro, o atacante do Corinthians deveria ter feito como afirmou que faria, após ter sido beneficiado por uma atitude de Rodrigo Caio, do São Paulo, na semifinal do Campeonato Paulista.
– Eu conheço bem o Jô, é meu amigo pessoal. O sucesso que ele está tendo dentro de campo é por uma mudança de comportamento fora de campo. Ele voltou a ser família, começou a se cuidar mais. Por isso, é um dos artilheiros do Brasileiro e foi o melhor jogador do Paulista. Ele está vivendo um dos grandes momentos da carreira. Ele não tem que ser execrado, ter um carimbo de desonesto, de mau caráter, porque ainda é só um jogo de futebol. Mas ele perdeu uma grande oportunidade de dar um grande exemplo. Porque foi com ele o lance do Rodrigo Caio. As atitudes de um jogador têm que ser proporcionais às declarações. A teoria tem que acompanhar a prática. Na hora em que ele fala que, se acontecesse com ele, ele faria, que o bom caráter tem que prevalecer, que teria a mesma atitude, a oportunidade surgiu. Ele não fez. Aí fica ruim para ele – disse Caio.
No entanto, o comentarista reconhece que, se o atacante se acusasse, acabaria um alvo da torcida. Caio Ribeiro citou ainda exemplos de outros jogadores que tiveram de trocar de clube por conta da violência.
– Eu, enquanto jogador tinha medo, e tenho certeza de que o Jô tem medo. O futebol é um reflexo da sociedade, e a sociedade é violenta. Sabem o que aconteceu com o Alexandre Mattos e com o Cuca quando perderam a Libertadores? Começaram a ser ameaçados de morte, diziam que iam pegar as famílias deles. Se eles vêm a público e falam, o que acontece? A ameaça continua e aumenta. O Pato nunca mais pisa no Corinthians, sabe por quê? Porque a torcida invadiu, e o Pato se escondeu na casa de máquinas, porque queriam bater no Pato. Sabe por que o Michel Bastos saiu do São Paulo? Porque tomou um tapa na cabeça e começou a ter medo pelos filhos dele no colégio (…) Eles estão expostos. Se o Léo der uma opinião diferente, e o Cruzeiro perder a final da Copa do Brasil, na saída do estádio vão quebrar o carro dele. Não é fácil.
Caio Ribeiro lembrou ainda um gol de Túlio, pela seleção brasileira, contra a Argentina, pela Copa América de 1995. O então atacante do Botafogo dominou a bola com o braço esquerdo antes de marcar o gol. Para o comentarista, as ações de fair play não podem mais ser exceção, e sim a regra.
– O Túlio, contra a Argentina, fez um gol numa Copa América com o braço, e todo mundo achou legal porque era contra a Argentina. Mas o mundo mudou. Alguns valores na sociedade se perderam ao longo do tempo, e a gente precisa resgatar: respeito, disciplina e transparência. O futebol poderia ser um fator de transformação. O Jô perdeu a oportunidade de dar um grande exemplo. Rodrigo Caio, Klose, Di Canio, eles não podem ser exceção, têm que ser a regra.
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