Lula ignorado por Trump? Entenda a dificuldade do governo para negociar tarifaço com os EUA

Especialistas ouvidos pelo g1 dizem que a política comercial dos EUA, centralizada na cúpula da Casa Branca e moldada por viés geopolítico, impõe obstáculos às tratativas com o Brasil. Além disso, estão em jogo a disputa com a China e o interesse estratégico pelas terras raras.

Por André Catto, g1 — São Paulo.

Opresidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se queixou nesta semana da falta de disposição do presidente Donald Trump para negociar a tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos aos produtos brasileiros — prevista para entrar em vigor em 1º de agosto.

 

Lula afirmou na quinta-feira (24) que o republicano “não quer conversar” sobre o tarifaço e disse que o Brasil está disposto a avançar nas negociações, desde que os EUA também tenham interesse.

 

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Em desabafo a interlocutores, Lula também reclamou, um dia antes, da falta de um canal direto de negociação com Trump. O petista relatou que, embora existam conversas em nível diplomático, elas não chegam à Casa Branca.

 

A ordem de não dialogar com o Brasil foi dada diretamente pelo republicano, revelou o blog do Valdo Cruz. Nesta sexta-feira (25), uma comissão de senadores embarcou aos EUA para tentar abrir uma frente de tratativas, a uma semana do início do novo tarifaço.

 

Especialistas ouvidos pelo g1 afirmam que os canais de comunicação entre Brasil e EUA, de fato, não são eficazes — o que mantém as negociações travadas. Para eles, um dos grandes obstáculos é a política comercial americana, que tem sido moldada por um forte viés geopolítico sob Trump.

Na prática, as decisões tarifárias partem diretamente da cúpula da gestão do republicano, ofuscando, por exemplo, as equipes técnicas da diplomacia e do Escritório do Representante de Comércio dos EUA (USTR, na sigla em inglês) — tornando a negociação ainda mais difícil.

 

Além disso, há outros interesses envolvidos, como a disputa por influência com a China na América do Sul, afirma o coordenador do Grupo de Análise de Estratégia Internacional da USP, Alberto Pfeifer. Nesta semana, também veio à tona o interesse dos EUA nas terras raras brasileiras.

globo.com

 

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