Não foi por acaso que o presidente Michel Temer, cujo governo completou dois anos no sábado (12), passou a sinalizar nos últimos dias a desistência de disputar a reeleição.
Com a reprovação do governo em patamar recorde – segundo o Datafolha, o índice de ruim/péssimo é de 70% –, o Palácio do Planalto já foi devidamente alertado por caciques do MDB dos principais estados de que o presidente não teria legenda para disputar a reeleição.
“Quem vai querer subir no palanque do Michel? Com essa rejeição histórica, ele afunda qualquer projeto regional do partido”, disse um cacique do MDB.
Esse alerta chegou ao próprio presidente, que parece ter entendido o recado.
Nas palavras de outro integrante do partido, ninguém melhor do que Temer para entender a legenda.
Com tantos palanques diferentes nos estados, cresce a pressão no MDB para que o partido não tenha candidato a presidente e possa fazer acordos regionais próprios.
Isso também pode tornar inviável a candidatura do ex-ministro Henrique Meirelles pela legenda.
Hoje, os diretórios estaduais têm interesses diversos: de aliança com o PT de Lula ao PSDB de Alckmin.
Mas uma coisa é certa na avaliação da cúpula do MDB: não há qualquer entusiasmo pela reeleição de Temer.
“Se ele voltasse a insistir nesse projeto, correria o risco de ser cristianizado”, advertiu um influente senador do MDB, numa referência histórica à candidatura presidencial de Cristiano Machado, em 1950. Na ocasião, o político mineiro foi abandonado por seu partido, o PSD.
Com a intervenção federal na segurança pública do Rio de Janeiro, o Palácio do Planalto iniciou uma mobilização em fevereiro pela reeleição de Temer.
A expectativa era de que os resultados na segurança e bons índices da economia dariam fôlego ao projeto de Temer.
Mas no foco de investigações da Polícia Federal, ele não conseguiu sair da agenda negativa.
Em busca de uma saída honrosa, Temer ainda ensaiou um movimento para liderar o processo de uma candidatura única dos partidos de centro em torno do tucano Geraldo Alckmin.
Mas, nesse caso, foi o ex-governador que decidiu manter distância da impopularidade de Temer.