Cardozo diz que conversa gravada por Joesley ‘não teve nada de ilícito’

SÃO PAULO – O ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardozo disse, na manhã desta terça-feira, não ter medo das conversas gravadas pelo executivo da JBS Joesley Batista, que teriam sido guardadas no exterior pelo empresário. Ele afirma ter sido procurado pelo executivo para realizar serviços como advogado e rebateu as alegações de que teria recebido dinheiro da empresa por meio de um sócio e que teria negociado uma boa relação entre Joesley e ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).

— Não tenho temor nenhum. Foi uma conversa de advogado com cliente, não houve nada de ilícito e acabei não pegando a causa — declarou Cardozo em sua chegada ao prédio da Justiça Federal, em São Paulo, onde prestou depoimento como testemunha de defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Operação Zelotes.

Cardozo acrescentou que nunca advogou em favor da JBS e negou a acusação de que teria recebido dinheiro da empresa por meio de seu sócio, Marco Aurélio Carvalho:

 

— Agora o Joesley diz que o Marco Aurélio teria dito que uma parte do dinheiro ia para mim. Ele diz que o outro diz. E minha sorte é que nunca decidi nada para a JBS.

Por questões de “sigilo profissional” o ex-ministro não quis revelar o teor da conversa com Joesley, mas admitiu que a recusa ocorreu após avaliar as “causas e condições” oferecidas pelo empresário durante a reunião.

Uma conversa entre Joesley, Ricardo Saud e o diretor jurídico da JBS, Francisco de Assis e Silva, tornada pública na semana passada, mostra os três discutindo uma tentativa de gravar uma conversa com Cardozo para obter confissões dele sobre supostas irregularidades relacionadas a ministros do STF. A ideia seria demonstrar interesse na contratação do ex-ministro e, em seguida, gravar a conversa.

— Ninguém tem o controle do STF, os ministros são soberanos quando decidem. Eu próprio perdi várias causas no STF, inclusive o impeachment. Se tivesse controle, seguramente Dilma Rousseff seria presidente da República — disse Cardozo.

Em depoimento prestado na última quinta-feira, Saud afirma que gravou um encontro entre ele, Joesley e Cardozo. Para o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, enviar essas gravações para o exterior, sob orientação do ex-procurador Marcelo Miller, é uma “aparente tentativa de ocultação dos arquivos das autoridades pátrias, o que reforça o intento de omitir alguns fatos, após a orientação de Marcello Miller”.

O ex-ministro também argumentou que as delações de Batista e Saud divergem sobre sua suposta atuação em contratos fictícios pelos quais teria recebido dinheiro, assim como seu socio Marco Aurélio Carvalho.

— O Saud deixa claro na delação que eu não sabia da situação.

Na chegada ao predio da Justica Federal, comentou nao saber detalhes do processo da Zelotes pelo qual prestara depoimento. Ele foi arrolado como testemunha pela defesa do ex-presidente Lula.

globo.com

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