O presidente Michel Temer discute com seus principais auxiliares fazer um pronunciamento nesta terça-feira (12) após a Polícia Federal ter concluído inquérito apontando indícios de uma organização criminosa formada por integrantes do PMDB.
Desde esta segunda (11), Temer tem discutido com seus principais auxiliares, como Eliseu Padilha e Moreira Franco, a ideia de fazer uma declaração pública sobre o relatório da PF.
O presidente divulgou uma nota na segunda sobre o assunto, mas tem sido aconselhado a se posicionar publicamente para rebater o relatório. Um dos entusiastas da declaração pública é o marqueteiro do presidente, Elsinho Mouco.
O presidente, segundo seus auxiliares, tem dito estar “indignado” com o documento.
Para integrantes do Planalto, o relatório pode dar força à segunda denúncia que deve ser apresentada pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, contra Temer.
De acordo com o relatório da PF, os investigadores encontraram indícios de formação de organização criminosa que envolvem o presidente Michel Temer, os ex-deputados Eduardo Cunha e Henrique Alves, o ex-ministro Geddel Vieira Lima e os ministros Moreira Franco e Eliseu Padilha, todos do PMDB.
Atualização: no final da manhã, segundo apurou o blog, Temer foi convencido por auxiliares a deixar a ideia do pronunciamento e, no lugar, divulgar uma nota dura. No texto, o Palácio do Planalto diz que “facínoras roubam do país a verdade” e que “bandidos” constroem versões para “assegurar a impunidade ou alcançar um perdão”.
Veja a íntegra da nota divulgada pelo Palácio do Planalto:
Nota à imprensa
O Estado Democrático de Direito existe para preservar a integridade do cidadão, para coibir a barbárie da punição sem provas e para evitar toda forma de injustiça. Nas últimas semanas, o Brasil vem assistindo exatamente o contrário.
Garantias individuais estão sendo violentadas, diuturnamente, sem que haja a mínima reação. Chega-se ao ponto de se tentar condenar pessoas sem sequer ouvi-las. Portanto, sem se concluir investigação, sem se apurar a verdade, sem verificar a existência de provas reais. E, quando há testemunhos, ignora-se toda a coerência de fatos e das histórias narradas por criminosos renitentes e persistentes. Facínoras roubam do país a verdade. Bandidos constroem versões “por ouvir dizer” a lhes assegurar a impunidade ou alcançar um perdão, mesmo que parcial, por seus inúmeros crimes. Reputações são destroçadas em conversas embebidas em ações clandestinas.
Muda-se o passado sob a força de falsos testemunhos. Vazamentos apresentam conclusões que transformam em crimes ações que foram respaldas em lei: o sistema de contribuição empresarial a campanhas políticas era perfeitamente legal, fiscalizado e sob instrumentos de controle da Justiça Eleitoral. Desvios devem ser condenados, mas não se podem criminalizar aquelas ações corretas protegidas pelas garantias constitucionais.
Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência da República.
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